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Arquitetos: Abalo Alonso arquitectos; Abalo Alonso arquitectos
- Área: 2650 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Hector Santos Diez
Descrição enviada pela equipe de projeto. A cidade espanhola de Santiago de Compostela se tornou Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1985. Desde então o Conselho Municipal tem trabalhado na reabilitação de edifícios, ambos público e privados. Nos últimos anos, os espaços públicos também começaram a ser trabalhados, como praças, ruas ou parques. Mas ainda assim, existem lotes vazios na cidade, terrenos complicados sem um uso claro ou fácil acesso.
Caramoniña é um desses terrenos. No caminho entre a Centro Histórico e o bairro de Almáciga, inaugurado nos anos 70. Ambos estão em pequenas colinas, mas Caramoniña também está situada no cinturão verde leste da Centro Histórico. Temos que caminhar por um estreito caminho para acessá-lo a partir do centro histórico e descer uma série de degraus a partir do outro lado; há uma diferença de quase 20 metros de altura entre as duas entradas, com seis plataformas. Além disto, há também uma série de ruínas de construções tradicionais, juntamente com edifícios de Lopez Cotelo no entorno, e de onde é possível ver o Parque Bonaval, de Álvaro Siza ao sul. O terreno descende para sua lateral oeste, com sua superfície repleta de árvores e belas vistas para o Centro Histórico.
Antes de tudo, analisamos a encosta para favorecer a conexão e acessibilidade entre as plataformas. Há uma diferença de mais de três metros entre elas. Desenhamos rampas que conectam as três plataformas mais baixas e pequenos degraus entre as duas mais altas, e é possível acessar a plataforma intermediária diretamente do exterior sem degraus. Também projetamos um acesso mais curto, próximo às ruínas. Em alguns pontos estratégicos entre as rampas, ou entre as árvores em locais com boas vistas, posicionamos bancos para desfrutar da paisagem, mas as antigas paredes de pedras das ruínas também podem ser utilizadas para sentar.
A manutenção de um parque as vezes pode ser cara. Se introduzimos outros usos ou oportunidades, os cidadãos podem colaborar com esta manutenção. Se olhamos para a história deste terreno podemos recuperar os antigos limites dos terrenos e trazê-los de volta ao presente, estes que eram os quintais das antigas casas que hoje são as ruínas. Os vizinhos podem utilizar estes antigos terrenos para a criação de hortas, e colaborar com a manutenção do parque, entre outras vantagens.
Existe algo mais sustentável do que um terreno que se mantém sozinho? Acessibilidade mais atividade levam à sustentabilidade. Para completar esta sustentabilidade, nós reestruturamos e organizamos o terreno para a reutilização destas ruínas.
Também recuperamos os antigos poços e criamos um curso d'água entre as plataformas em sequência. No final deste curso d'água, nós reabilitamos duas destas ruínas como espaço de armazenamento, vestiários e banheiro, onde reciclamos a água. Os vestiários são importantes para os trabalhadores, mas os banheiros públicos também são importantes para os visitantes.
Nós iluminamos o terreno com uma série de lâmpadas incorporadas ao solo, que relembra de certa forma ao "campus stellae", que alguns apontam como a origem do nome da cidade.
Confiamos que a resolução da questão da acessibilidade, aliados com a atividade proposta, favoreça não apenas a sustentabilidade da atuação, mas que melhore significativamente a qualidade de vida do entorno.